É comum que os adultos associem o processo de envelhecimento à teimosia: não raro, os idosos são comparados às crianças, tanto pelas limitações que vão adquirindo com o passar dos anos, quanto pela obstinação que, por vezes, começam a ser apresentadas de forma mais acentuada.
Mas essa visão, compartilhada principalmente pelos familiares, contribui para que eles não sejam mais vistos como indivíduos com vontades e opiniões próprias, desrespeitando, assim, a autonomia do idoso e sua capacidade enquanto pessoa.
O que é interpretado como teimosia e relutância nada mais é do que o resultado de décadas de experiência, que geram convicções firmes e vontades mais definidas. Isso, muitas vezes gera uma “bola de neve”, já que, sabendo que serão julgados como “teimosos” pelos familiares, as pessoas da terceira idade passam a ter uma postura cada vez mais inflexível.
E não há por que limitar isso ou tratar como incapazes: a autonomia dos idosos deve ser estimulada e preservada diariamente. Dessa forma, a qualidade de vida dessa parte tão especial da população pode ser mantida, e as relações familiares conseguem ser sustentadas com equilíbrio.
Continue nos acompanhando para saber como seguir esse caminho!
Autonomia do idoso, tomada de decisão e envelhecimento
O envelhecimento não necessariamente afeta a capacidade de tomada de decisões dos idosos – e é que reside sua autonomia, embora as famílias tenham dificuldade de compreender isso.
Se o idoso ainda tem a competência para tomar decisões, mas já não pode mais executar certas tarefas decorrentes delas, cabe aos que estão ao seu redor procurar respeitá-las e, se for o caso, cumpri-las.
Um exemplo é a possibilidade de o idoso, ciente de que talvez chegue determinado momento em que não esteja mais apto para fazer algumas escolhas, expressar suas preferências e inclusive indicar um procurador. Este, quando necessário, tomará as decisões em seu nome.
Assim, tanto a autonomia do idoso quanto seus desejos são respeitados, e a família evita um desgaste interno.
E, entre outras coisas, é necessário que ambos dialoguem de antemão para que seja mantido um entendimento claro e que as famílias sejam recordadas de que o idoso também preza por assumir certas responsabilidades.
Qual a diferença entre autonomia e independência do idoso?
Mas qual exatamente é a linha entre a autonomia do idoso e a sua independência, considerando as limitações da idade?
A autonomia, como falado anteriormente, diz respeito à capacidade do idoso de tomar decisões. A independência, por sua vez, está mais relacionada a um efeito prático: significa dizer que seria a condição de capacidade em realizar atividades do dia a dia sem o auxílio de terceiros ou com uma interferência mínima destes.
Enquanto a primeira concerne à aptidão mental, a segunda está associada às habilidades físicas. Sendo assim, é possível que um idoso tenha autonomia, mas uma independência limitada. Da mesma forma, ele pode ter ambos, ser apenas independente ou ser somente autônomo.
E, apesar de o idoso geralmente não ter a mesma mobilidade da juventude e enfrentar certas dificuldade de deslocamento e na realização de afazeres de casa, isso não implica na redução da sua capacidade de decidir por si mesmo e de expressar suas vontades.
É devido à fácil confusão entre as duas condições que as famílias se antecipam e cometem o erro de julgar o idoso como uma pessoa incapaz de ter autonomia, enquanto ele pode estar apenas com sua independência prejudicada pelo envelhecimento.
Logo, cabe avaliar a capacidade do idoso de tomar decisões, e, enquanto ele ainda tiver sua autonomia preservada, respeitá-las em todos os momentos.
Como potencializar a autonomia do idoso
Esclarecida a necessidade de preservar a autonomia do idoso, cabe o questionamento: como potencializá-la no dia a dia? Há algumas medidas que podem ser tomadas para que haja esse estímulo à autonomia, como:
Incentivar a prática de exercício físico
Atividades físicas apresentam uma infinidade de benefícios para os idosos.
Elas previnem doenças como depressão, ajudam a combater e reduzir a perda da habilidade cognitiva, auxiliam o metabolismo e aliviam sintomas de certas enfermidades. Não se esqueça de que elas devem sempre ser feitas com um acompanhamento médico!
Deixar o idoso fazer suas tarefas
Em vez de tratar o idoso como incapaz, que tal dar um voto de confiança e a chance de ele fazer algumas ações do dia a dia, como tomar banho sozinho e cozinhar? Essa pequena mudança de atitude é muito importante para melhorar auto-estima e preservar a autonomia do idoso.
Promover uma alimentação saudável
Para fazer exercícios físicos, cumprir as tarefas diárias e manter a saúde em dia, a alimentação deve estar sempre balanceada.
Idosos que não se alimentam apropriadamente estão mais sujeitos ao risco de morte prematura e à perda de peso, comum na terceira idade, afetando sua independência e qualidade de vida.
Os nutrientes de uma alimentação balanceada são fundamentais para afastar e controlar doenças e para garantir a energia na terceira idade. E uma dica: montar um calendário de refeições é uma boa medida para que o idoso não perca o foco.
Incentivar a socialização
A solidão é um dos males que mais acometem os idosos, sendo responsável muitas vezes pelo desenvolvimento de doenças como depressão e demência, pela ansiedade e até mesmo pelo declínio da habilidade cognitiva na terceira idade.
Por isso, é fundamental que os idosos não deixem de interagir não só com família, mas também com amigos e vizinhos!
Atividades em grupo, como hidroginástica, yoga, clubes de tricô ou mesmo idas a cafeterias, praias, museus e outros ambientes ajudam a evitar problemas, reforçam a autonomia do idoso e também fazem com que eles cuidem melhor uns dos outros, criando um senso de comunidade e independência.
Considerar as vontades do idoso
Não adianta incentivar o idoso a cumprir todos os outros itens sem que seja mantido o verdadeiro respeito à sua autonomia.
É imprescindível que o idoso seja considerado, ouvido e respeitado. Lembre-se de que a autonomia está relacionada à capacidade de tomada de decisões, que devem ser ditadas por aquele que será afetado por elas, e não às condições de locomoção ou ao nível de coordenação motora de cada pessoa.
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Agora é hora de colocar esse estímulo à autonomia do idoso em prática!
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Referências extras:
Exercise in the elderly: research and clinical practice – https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16627076
One in five elderly New Zealanders say they are lonely, study says – https://www.stuff.co.nz/national/health/99837156/one-in-five-elderly-new-zealanders-say-they-are-lonely-study-says
An overview of appetite decline in older people – https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4589891/
Texto de excelente conteúdo,obg
Muito bom esse conteúdo. E preciso ter conhecimento como lhe Dar com o idoso e respeitar e cuidar bem. Finalmente quem não morre cedo. Um dia vai chegar lá também passando pelo mesmo processo.👏👏👏👏👏👏😍😍😍