São 16h de uma quarta-feira, e o carro de Camila Lima entra no estacionamento da academia onde “bate ponto” religiosamente duas vezes por semana. Aos 31 anos, ela convive com uma lesão medular na sexta e sétima cervical há 19, quando foi vítima de bala perdida em um assalto a uma joalheria na volta da escola, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. Mas a cadeira de rodas que a acompanha desde os 12 anos nunca foi um empecilho na vida dessa carioca. É com ela e o carro adaptado que Camila vai para todos os lugares: trabalho, fisioterapia, encontro com amigos, treinos de natação e, mais recentemente, musculação. No esporte, a menina que é formada em ciências sociais encontra uma forma de se manter ativa, melhorar o condicionamento, ganhar autonomia, e, principalmente, de se sentir apenas mais uma pessoa saudável no meio de tantas outras.
Mas passar despercebida é praticamente impossível para Camila. Uns por estranheza, outros por admiração, todos olham para a menina, que de longe parece ser frágil, pulando da cadeira de rodas para os aparelhos e fazendo força na academia. Acha que isso a incomoda? Nem um pouco…
– Já acostumei. Há 19 anos é assim. Quando eu chego no local de cadeira de rodas viro sempre o centro das atenções. Mas com o tempo isso vai sendo superado – disse, com um largo sorriso no rosto.
E a escolha pela musculação foi mais uma forma de Camila não se sentir “paciente” e provar, talvez para si mesma, que, mesmo na cadeira de rodas, é uma pessoa que se cuida como qualquer outra.
Daniel Carvalho é o personal que virou amigo e braço direito de Camila. Ele nunca tinha trabalhado com pessoas com necessidades especiais antes, mas encarou o desafio e, com dedicação e boa vontade, tirou de letra a oportunidade de somar na vida dela.
– É uma experiência incrível poder participar da melhora de vida dela. Encarei como um desafio, um aprendizado, e tive tranquilidade para fazer o treinamento dela. A gente foi se conhecendo, e aprendemos muito um com o outro – contou.
– De manhã eu trabalho, e à tarde faço as atividades físicas. A noite ainda estudo. Tenho o carro adaptado que me ajuda muito. Na rua não é tão fácil andar assim, o carro me deu muita independência.
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